Não gosto de voar… Nunca gostei! Desde a minha experiência aos sete anos de idade quando fui pela primeira vez à Disney, pela Stella Barros Turismo. Experiência tão marcante (quase aterrozizante) que lembro-me que a companhia aérea se chamava Braniff e o avião era roxo. Desde este até hoje acumulei tantas milhas quanto os urubus horas de vôo. Prefiro meus pés no chão! E esse “milagre” do mais pesado que o ar voar ainda me parece incompreensível.
Por motivos profissionais fui chamado a Curitiba. Pouco tempo de vôo, pensei. Morador de Campos do Jordão o mais fácil era embarcar em São José dos Campos. E fui o que fiz. Azul Linhas Aéreas, do messmo fundador da Blue Jet nos Estados Unidos.
Vôo marcado para as 20h10. Cheguei muito mais cedo ao aeroporto. Figura de linguagem, já havia estado em restaurantes maiores! rs Check in feito dirijo-mr a lanchonete… Tenso como nas dezenas e dezenas de vezes anteriores. Dá-lhe cafézinho! Quase uma overdose! Primeira pergunta interior: “Voar de Embraer modelo 190, é seguro?” Quase em pânico pensei na empresa, no volume de aeronaves deste modelo comercializadas, no mercado que possuia pelo mundo… A resposta me chegou rápido: “Claro que é seguro!” O que cá entre nós não me tranquilizou em nada! Sou um covarde confesso quando se trata de voar…
Depois de um longo atraso chega o momento de embarcar… E a caminhada até o avião era como a caminhada do condenado ao patíbulo e ao carrasco. Deparei-me com a escada… Não havia uma forca ou uma guilhotina lá em cima mas uma comissária de bordo, loira, bonita e sorridente. Pensei: “Sádica ela!”rsrs Subi e recebi um cordial boa noite. E aquele negócio com asas me pareceu pequeno. Lembrava-me dos maiores… Com muitas fileiras e poltronas… Este apenas quatro fileiras… Mais nada! Acomodei-me no meu assento. Lá fora um vento razoável e uma chuvinha fina… Sinal de que poderia haver uma ou outra turbulência. Tudo que “mais gosto” durante um vôo. Embora a decolagem e a aterrisagem sempre me agradem.
Observo a minha volta… Todos descontraídos, alguns lendo, outros conversando… Eu mais tenso do que fico quando o gerente do meu banco me telefona… Aquelas orientações de sempre, o comandante informando a duração do vôo e a previsão do tempo em Curitiba. “Voltem os assentos à posição vertical e apertem os cintos para a decolagem”…
Ganhamos a pista e depois o céu. Lá embaixo as luzes da cidade, como ver estrelas na terra. Poucos minutos de vôo e pronto, aqueles avisos de novo, apertar o cinto de segurança…E a voz do comandante: “atenção senhores passageiros, enfrentaremos uma zona de turbulência, favor colocar as poltronas na posição vertical, fechar as mesinhas a sua frente e apertar os cintos. Obrigado.” Eu já estava lendo o final do guia da aeronove quando ele agradeceu! Prevendo solavancos e afins grudei-me na poltrona. Olhei para o lado, um senhor lia calmamente o seu livro, como se estivesse sentado em um café parisiense ou no Central Park. Sentí-me ridículo! Realmente senti os “buracos”, suei frio, mas nada demais… Durou pouco de acordo com o meu relógio…rs
O serviço de bordo começou a ser servido. Reparei nas comissárias. Lindas como há muito não via em outras companhias. Colírio e distração para os olhos. E neste meu primeiro vôo pela Azul percebi que no próximo deveria almoçar, lanchar ou jantar antes de embarcar porque o serviço de bordo era digno de um faquir…rsrs
Depois foi como estar voando em um tapete, tranquilidade até para quem, como eu, não se sente nem um pouco a vontade voando. Curitiba a noite, vista no procedimento de aproximação é muito bonita. Da janelinha observava os detalhes da cidade que não visitava há anos. Aterrissagem perfeita.
Ao desembarcar e subir no ônibus que nos levaria ao terminal de desembarque observei calmamente e pensei: “Mais pesado que o ar, parece maluquice. Mas que é bonito, isso é!”
Passados sete dias estava eu de volta ao aeroporto Afonso Pena para retornar. De manhã. Todas aquelas sensações da vinda… Acho que nunca irei mudar com relação as viagens de avião. Mas foi absolutamente tranquilo. E cheguei a São José dos Campos em paz… Mesmo que debaixo daquela mesma chuvinha fina.
O que realmente valeu foi ter perdido uma restrição que fazia desde muito tempo em vôos nacionais, não utilizar aeronaves de médio porte. O Embraer 190 é sim confortável e moderno, não devendo nada aos seus concorrentes internacionais. E a Azul guarda algo que as chamadas grandes companhias foram perdendo ao longo do tempo, a cordialidade e a simpatia. Algo que me fez lembrar os bons tempos da Varig, tanto nos vôos domésticos quanto nos internacionais.
Para quem ainda não experimentou eu recomendo. Porque tenho certeza de que será uma grata surpresa.
Manolo Mattos (manolomattos@hotmail.com)